Família - Jamberto n 08

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

ENTREVISTA – Professor Agnério (Vereador do PT em Barueri)

Único petista na Câmara Municipal de Barueri, o professor Agnério vem encontrando barreiras na aprovação de seus projetos de lei. Em entrevista ao Diário da Região, o vereador fala sobre o voto político, utilizado pela situação e ressalta as propostas vetadas pelos parlamentares e pelo prefeito. Ele também comenta sobre as eleições de 2010, nas quais pretende se candidatar a deputado estadual.
O seu projeto de lei para implantação de placas, indicando os custos das obras públicas, foi aprovado pela Câmara. Qual a importância dessas placas?
É importante que o cidadão saiba em que o dinheiro está sendo gasto. Em municípios com muitas obras é necessário que haja placas indicando a empresa, a previsão de conclusão, o investimento, entre outros. São tantas as obras, mas pouco se sabe.
O senhor teve um projeto de lei barrado, que estabelecia a exigência de diploma para contratação de jornalistas administração municipal. Na sua opinião, por que foi vetado?
Não consigo lhe dizer o porquê do projeto ter sido barrado, a não ser por questões políticas. Em Maceió, essa proposta foi aprovada. Nossa cidade seria, portanto, a segunda a aprovar a exigência de diploma para exercer a função de jornalista. Acho saudável e legal que se faça isso. Sou educador e, como tal, não abro mão de formação. Prezo muito pela academia. É necessário que haja estudo acadêmico para exercer essa função. Acho um absurdo o veto, não pelo fato do projeto ser meu, mas porque a Câmara não poderia cometer o erro de ir contra algo tão importante, que não vai gerar custos. Sempre há a desculpa de que o projeto gera custos, mas, nesse caso, esse argumento não cabe.
Qual a sua opinião sobre a decisão do STF?
Creio que a atitude do Supremo Tribunal Federal, que optou por não exigir a formação, foi um desmando. Espero que o Congresso mude isso.
Por ser o único vereador do PT na Câmara, o senhor tem seus projetos barrados freqüente e independentemente do conteúdo destes?
Naturalmente. Embora eu vote no projeto dos colegas por principio de coerência, os que apresento são sempre barrados. Quando lanço um projeto, eles votam contra em bloco. É um voto político. Já o meu voto vai para o que é melhor para a cidade. Se for bom para o município, eu aprovo. Caso contrário, a gente discute propõe mudanças.
Que outros projetos seus foram vetados?
São tantos. Apresentei um projeto que implantava um cursinho pré-vestibular gratuito, mas este foi vetado pelo prefeito. Propus a criação de mais um conselho tutelar na cidade, pois somente um não dá conta. O prefeito também o vetou. Havia um terceiro que estabelecia a abertura das bibliotecas municipais aos sábados e domingos, mas novamente o projeto foi aprovado na Câmara e vetado pelo prefeito. Depois destes, meus outros doze projetos foram todos barrados. Propusemos a criação do bilhete único na cidade; a transferência das sessões da Câmera para a noite; a criação de uma tribuna livre; entre outros. Todos eles foram reprovados.
Diante de tantos vetos, o que lhe motiva a continuar fazendo projetos?
Na verdade, a gente sonha com uma cidade melhor. Nosso trabalho vai ao encontro disso: propor sugestões e medidas que tornem nosso município mais confortável. Se nosso projeto não for aprovado, então faremos outro. Será assim por toda a vida. Veremos até quando o voto político será mantido. Não há inteligência nesse tipo de votação. Nosso mandato foi dado por pessoas que desejavam que um vereador de oposição fizesse mudanças. Nós estamos propondo essas mudanças. Estamos criando projetos e apresentando soluções para a cidade. Mas, mesmo que a Câmara não queira votar pelo bem comum, vou continuar insistindo em apresentar o que é melhor para a cidade.
Recentemente, o senhor fez algumas críticas ao orçamento, que não contemplou alguns de seus projetos…
A cidade tem um orçamento de mais de um bilhão e duzentos mil reais; no ano que vem, chegará há um bilhão e trezentos. É a segunda renda per capita do país. É muita grana. O governo não pode alegar que faltam recursos e, portanto, que não aprova este ou aquele projeto por causa dos custos. Todo projeto gera custos. Essa desculpa não tem fundamento. Nosso orçamento é folgado. Não havia motivos para não aprovar, por exemplo, o cursinho pré-vestibular.
Existe algo que o PT possa fazer contra o voto político?
Não sei lhe responder se há algo que possa ser feito. Tenho apresentado novos projetos e tentado mostrar aos demais vereadores que a proposta beneficia o munícipe. Beneficia, inclusive, o eleitor que votou neles. Vetar essa proposta é votar contra a cidade e povo, e não contra o PT.
Qual a sua expectativa para as próximas eleições?
O ano que vem é fundamental, pois nós não teremos o Lula disputando a presidência. No entanto, ele estará como carro chefe de oito anos de excelentes serviços prestados ao país. É fundamental eleger a Dilma. O povo levou cinco séculos para chegar ao poder. Agora, ele não pode perder isso a qualquer preço. Todos os esforços para as eleições, de hoje até o próximo ano, ainda serão poucos para garantir o mandato. No país, não há ninguém que possa ser comparado ao Lula. Porém, Dilma hoje é a melhor candidata ao executivo nacional, a mais bem preparada. Temos, por traz dela, oito anos de governo com excelentes realizações.
O senhor pretende concorrer a algum cargo em 2010?
O partido lançará um candidato à deputado estadual. Aceitarei essa empreitada.
O prefeito de Osasco Emidio de Souza é um dos possíveis candidatos à disputa pelo governo do estado. Você aprova a candidatura?
Creio ser o melhor nome para a disputa estadual. Nossa disputa partidária é com o PSDB, que está no poder há quatro mandatos. O Emidio é um dos poucos no PT que teve a qualidade vencer o PSDB por duas vezes. Inclusive, na eleição passada, ele venceu no primeiro turno. Ele deve disputar com o PSDB em São Paulo e tirar de lá este partido que não faz bem para o estado.
Em Barueri, a aliança entre PT e PDT continuará nas eleições municipais?
O partido vai trabalhar todas as alianças possíveis. Costumo dizer que sozinho não se chega nem no cemitério. No período atual, não dá mais para se pensar em uma campanha sozinho. Toda campanha para o executivo não pode ser disputada por um só partido. Estamos conversando com várias forças na cidade e, em três anos, teremos alianças fortes. O PT tem condição e capacidade para disputar e governar a cidade muito bem.